Ela já dormia quando o telefone tocou novamente. Era ele. Já chegaria à estação de metrô mais próxima. Faltavam apenas 5 minutos para a espera terminar.
Levantou, lavou o rosto e começou a se vestir.
Olhou o relógio: 1h50. Ele pegara o último metrô. Tentou achar uma roupa bonita pois queria estar perfeita pra ele. Mas estava com muito sono para conseguir achar qualquer coisa no quarto.
Cinco meses, seis horas e cinco minutos. Toda a angústia, todos os desejos, todo o tempo que passou imaginando seriam eliminados pela realidade de estar ao seu lado. Tanto tempo esperando e agora não sabia o que fazer. De tanto imaginar o que falaria já não sabia mais o que falar.
Às vezes acontecia de esquecer seu rosto, olhava fotos de um desconhecido e tentava saber quem era o objeto de seu amor. Criava diálogos baseados nas suas últimas palavras antes de se separarem. Tentava se aproximar de alguém distante por meio de sonhos.
Quando pensava, suas saudades beiravam a obsessão. Evitava falar disso para os amigos pois sabia que eles reprovariam tal espera. Mas ela estava disposta a amar um desconhecido que estaria ausente a maior parte da sua vida. Ela estava disposta a amá-lo.
Mas ele não seria mais um desconhecido assim que se encontrassem. Toda a angústia tomou conta de seu corpo, sentia medo do que encontraria. Era mais fácil viver numa fantasia de eterna espera do que enfrentar a realidade? Tinha medo de não dar certo e de não se entenderem. Tinha medo de amar novamente.
Finalmente colocou a roupa. Se olhou no espelho e seu reflexo dizia que ela estava cansada de esperar. Era uma mulher cansada de esperar e com medo de viver. Mas agora não poderia mais fugir, ele estava lá, chegando, quase à sua porta. Seus sonhos vinham até ela.
Pegou a bolsa e desceu para a rua.
Há um mês
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