sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Me preparando pra voltar

Cheguei dia 11/09 em São Paulo, de surpresa, sem avisar nenhum dos meus amigos nem a maior parte da minha família. Queria paz, sossego. Estava cansada com o fim do meu “mémoire” e queria ficar sozinha. Na primeira semana fiquei entre a casa da minha avó materna e a casa do meu pai, vendo poucos parentes e nenhum amigo. Na segunda semana fui pra Niterói, fiz passeios turísticos e vi apenas dois dos amigos que moram lá, sem contar as amigas da minha mãe que se tornaram minhas amigas.

Eis que chega a terceira semana, quando eu já estava descansada, tranqüila e com vontade de rever todos meus amigos. Como eu achava que iria embora dia 5/10, marquei tudo o que podia para o final de semana passado. Pretendia encontrar todo mundo em apenas três dias (afinal, só eu estou de férias e posso sair todos os dias da semana). Com a falta de tempo tive que fazer algumas escolhas que culminaram em um final de semana cheio de baladas e pouco sono. Nada de muito absurdo para Sampa. Posso dizer que foi bom, muito bom. Me diverti maravilhosamente e conversei com pessoas que não achei que fosse rever algum dia na vida. Passei três dias bebendo, conversando e encontrando os amigos. Revi meu irmão mais velho e minha sobrinha. Votei. Planejei uma semana para resolver as últimas pendências da viagem adiada e para arrumar as malas. Deixar tudo resolvido aqui para mais um ano longe. Viajo no meio de um feriado e não sei se conseguirei rever meus amigos mais uma vez antes de ir embora.

Antes mesmo de entrar no avião já estou com saudades, as mesmas saudades que estava de Paris quando embarquei pra cá. Saudades das minhas duas casas.

A melhor resposta que consigo elaborar quando me perguntam qual dos dois países eu prefiro: depende. Simples assim.

Aqui é ótimo pra sair com os amigos e para ficar com a família. Lá me sinto melhor pra trabalhar, estudar e ficar sozinha. Claro que as duas situações podem ser verdadeiras nos dois lugares: Paris é ótimo pra sair de balada com os amigos durante o verão, é um saco no inverno. São Paulo é ótimo pra sair de balada em qualquer momento do ano. A cidade luz é muito melhor do que Sampa pra se locomover. Os parisienses respeitam os horários de trabalho mas são mal humorados. Serviço aqui é muito melhor do que em qualquer outro lugar que eu conheça: bom e bem feito. Lá come-se melhor. Cada qual com sua especialidade.

Eu gosto da “politesse à la française”, de saber separar quem eu conheço de quem eu não conheço por pronomes pessoais, de dar bom dia e dizer tchau em todas as situações. Eu odeio quando me chamam de minha linda, minha gatinha, minha querida quando eu não conheço a pessoa (“Ah minha querida, não tenho isso não”), mas gosto da disponibilidade que temos para ajudar um estranho.

Discutindo hoje com um amigo, e lembrando de uma aula de quando fui ouvinte no mestrado, quando estou aqui, sinto falta da minha vida lá, e lá sinto saudades daqui. Segundo essa professora, depois que vamos embora, não conseguimos mais achar nosso lugar, todos eles farão parte de nós. Basta saber em que momento estaremos prontos para viver em cada um desses lugares.

(O texto foi escrito na terça passada. Semana que vem, nessa mesma hora, estarei em casa, longe de todo mundo, para o bem ou para o mal...)

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