“E neste sonho já nem sei quem sou...
O brando marulhar dum longo beijo
Que não chegou a dar-se e que passou...”
Florbela Espanca
2h38 da manhã. Sem conseguir dormir abro um dos meus cadernos e dou de cara com esse pedaço de poema.
O vento está forte, quase gelado, mesmo que seja uma noite de verão.
Nas outras páginas do mesmo caderno tenho cartas. São mensagens que escrevo para pessoas distantes que nunca saberão o que eu sentia no momento em que elas invadiram meus pensamentos.
Tenho também neste caderno listas. São filmes que pretendo ver com algumas pessoas. São livros que preciso indicar. São listas para eu não esquecer os temas dos meus projetos de estudo.
Ele havia começado como um diário para eu me lembrar de cada detalhe que deveria contar aos meus amigos ausentes. Mas se esses detalhes podem ser esquecidos, não são importantes para serem contados.
Há também um começo de um projeto de livro que vou escrever com uma amiga. Temas sobre o qual vamos escrever, títulos de capítulos, acontecimentos das nossas vidas. Autoficção.
Passei uma semana em Lisboa e não consegui escrever nada de maravilhoso sobre a cidade, mesmo que ela seja uma das cidades mais bonitas que eu já visitei.
Paris já não é mais a mesma. Já não tem toda a novidade, todo o charme e toda a beleza de antes. Paris se tornou aquela pessoa que você casou e que não se lembra o motivo.
Paris ficou chata, principalmente sem meus amigos.
Mas eu ainda não terminei com a cidade. Ela ainda precisa me dar mais alguns momentos de felicidade antes que eu a abandone, que eu a deixe e que ela não passe de mais uma boa lembrança em minha vida.
Há um mês
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